Seja Bom, Não Bonzinho: O Poder da Autenticidade

Existe um abismo entre ser bom e ser bonzinho.

Enquanto o bom age com integridade, mesmo que isso signifique desagradar, o bonzinho faz de tudo para ser aceito — mesmo que preciso se anular.

Baseado nos ensinamentos provocativos de Robert Glover no best-seller No More Mr. Nice Guy , vamos nos aprofundar nessa diferença, com um toque de humor, referências de psicologia e espiritualidade, e muitas ideias práticas para te ajudar a viver mais livre.

Prepare-se para rir, refletir e possivelmente perceber que — sim — você também já caiu na armadilha de ser bonzinho. E tá tudo bem: considerar o padrão é o primeiro passo para sair dele.

O Mito do Bonzinho: Quando Agradar se Torna Prisão

O bonzinho acredita que, se for gentil, prestativo e nunca criar conflitos, será amado, respeitado e terá uma vida tranquila.

Pena que isso é tão real quanto a fada do dente.

Na prática, essa estratégia tende a produzir o contrário: relações superficiais, frustração acumulada e, eventualmente, explosões emocionais de quem passou a vida engolindo sapos em nome da “paz”.

Exemplo comum:

  • Você aceita ajudar um colega de trabalho em um projeto, mesmo estando atolado.
  • Passa a noite acordado terminando as tarefas dele.
  • No dia seguinte, ele sequer agradece.
  • Você fica magoado, mas não fala nada. Até o dia em que uma pequena gota transborda e você explode… por algo que nem era tão grave assim.

Esse é o “custo oculto da bonzice” : sua energia, seu tempo e sua saúde emocional sendo drenados em nome de uma aprovação que, com frequência, nem vem.

Raiz do Problema: A Aprovandolatria

O termo é inventado, mas o vínculo é real: uma necessidade de aprovação.
Segundo Glover, esse padrão nasce geralmente na infância, quando uma criança percebe que ser totalmente autêntica pode gerar crítica e para sobreviver emocionalmente, ela cria uma “versão editada” de si: menos intensa, mais calma, sempre tentando adivinhar o que os outros querem.

“Quase tudo o que um cara legal faz é consciente ou inconscientemente calculado para ganhar a aprovação de alguém ou evitar a desaprovação.”
— Robert Glover

Essa necessidade, quando não revisada na vida adulta, vira um vício comportamental . O ciclo se repete no trabalho, nas amizades e no amor: você coleta pequenas doses de aprovação como se fossem açúcar — prazerosas no momento, mas com uma ressaca emocional depois.

Ser Bom é Outra História

O “bom” não é perfeito, não agrada todo o mundo, e também não confunde gentileza com submissão.

Exemplo desse perfil:

  • Pessoa alinhada aos seus valores.
  • Diz “não” sem culpa quando algo não está de acordo com seu bem-estar.
  • Diz “sim” quando quer, não porque se sente obrigado.
  • Cuida do outro sem assumir responsabilidades que não lhe pertencem.

Distinção importante:

O bom ajuda porque isso está em sua essência, não como moeda de troca. Ele dorme tranquilo mesmo quando alguém não “aplaude” sua atitude.

O Perigo da Gentileza com Segundas Intenções

Bonzinhos frequentemente ajudam a esperar algo em troca.

  • Você lavou a louça? Espera ouvir “nossa, você é incrível!”
  • Escutou três horas de desabafo? Espera receber atenção igual na próxima.

E quando a “recompensa” não vem, surge o ressentimento — que corrói relações e autoconfiança.

A verdadeira segurança nasce quando a ação é fim em si mesma. Fazer o bem porque se quer, não porque se espera retorno.

Por que o Bonzinho se Anula?

Há vários mecanismos psicológicos envolvidos:

  1. Medo de exclusão: “Se eu discordar, vão se afastar de mim.”
  2. Falsa humildade: acredita que colocar necessidades próprias em primeiro lugar é egoísmo.
  3. Vício em controle indireto: ao agradar, tenta manipular a resposta do outro.
  4. Falta de prática na autoafirmação: nunca aprende a manifestar-se.

Como Trocar o Script do Bonzinho pelo do Bom?

  1. Autoconhecimento direto ao ponto
    • Observe conversas e perceba quando diz “sim” querendo dizer “não”.
    • Identifique de onde vem o medo de desagradar.
  2. Falar o que pensa com respeito
    • Discordar não é ofender — é viver em verdade.
    • Um “não” dito com gentileza preserva mais relações do que um “sim” dado com falsidade.
  3. Cuidar de si antes dos outros
    • Como nas instruções de voo: coloque sua máscara de oxigênio primeiro.
  4. Parar de pedir desculpa por existir
    • Troque “Desculpa, mas…” por “Penso diferente” ou “Prefiro assim”.
  5. Treinar pequenos atos de assertividade
    • Comece em contextos de baixo risco: recusar um convite por estar cansado, dizer “não” a um pedido que não cabe na sua agenda.
  6. Rir das próprias tentativas
    • Autenticidade também é rir de si ao tropeçar (sem drama).

O Bonzinho no Trabalho

No ambiente profissional, o padrão do “agradador” pode levar ao acúmulo de tarefas, falta de reconhecimento e esgotamento.
Ser bom no trabalho significa:

  • Cumprir bem a sua função, mas não assumir funções que pertençam a outros.
  • Comunicar prazos e limites com clareza.
  • Não silenciar diante de decisões incertas por medo de parecer “problema”.

O Bonzinho no Amor

Relacionamentos românticos são terreno fértil para a armadilha da bonzice.

  • Dizer “sim” para atividades que detesta.
  • Evitar conversas difíceis para não “estragar o clima”.
  • Concordar com opiniões dos outros mesmo discordando internamente.

A Autenticidade Atrai

Quando paramos de buscar aprovação, agradamos a pessoas que realmente apreciam quem somos — e não a versão sanitizada que apresentou ao mundo.

A autenticidade também:

  • Economiza energia emocional.
  • Cria relações mais profundas.
  • Fortalece autoestima.

Tabela Comparativa para Ajudar Você a Identificar os Padrões: Bom x Bonzinho

CaracterísticaBomBonzinho
Motivo para ajudarSincero desejo ou valorMedo de rejeição/necessidade de aprovação
Dizer “não”Sem culpa, com respeitoRaramente, sente-se preocupado ou ansioso
RelacionamentosProfundos e autênticosSuperficiais, foco na acessibilidade
PosturaAssertivo, firme e empáticoPassivo, evita conflitos a todo custo
Emoções “negativas”Reconhece e integraEngole, reprime até explodir

História de Superação do Padrão Bonzinho

Clara: Da Síndrome da Boazinha ao Respeito Pessoal

Clara, 32 anos, sempre achou que era “amada por todos” — até percebeu que se sentia esgotada e invisível nas relações. Quando começou a se irritar sem motivo, buscou ajuda terapêutica. Descobriu ali o padrão do bonzinho: evitar desagrado, engolir opiniões e nunca se priorizar.

“Percebi que sempre dizia ‘sim’ até para as coisas que eu odiava… Uma vez viajei 200km só para ajudar uma amiga a se mudar, mesmo tendo prova no dia seguinte. Eu descobri que, assim, seria indispensável. Só que comecei a ficar amarga e, um dia, explodir em casa motivo por um pequeno. Foi aí que entendi: quem se anula, uma hora transborda.”

O que mudou na Clara?

  • Aprenda a dizer “não” com gentileza.
  • Perceba que os verdadeiros amigos respeitavam seus limites.
  • Sentiu-se aliviada ao ver que a proteção filtrau as pessoas e fortaleceu as relações.

Rodrigo: do Agradador ao Autêntico

Rodrigo, 28 anos, entrou em um relacionamento disposto a tudo para gostar: programas que não curtia, ceder sempre, fingir concordância. Não queria “estragar o clima” e morrer de medo de desagradar.
Quando o namoro acabou, senti-se arrasado — e descobri que nem sabia mais quem era. Na terapia, foi compreendendo: nunca tinha expressado suas próprias vontades.

Na próxima relação, combinou com a parceira:
– Quero poder dizer o que penso, inclusive o que discordo. Nem sempre você embarcará em seus programas. Eu preciso ser eu, e você precisa ser você.

Resultado? Relação mais leve, saudável e — surpresa — mais atraente para ambos.

Exercício Prático: O Diário do Bom

Durante 7 dias:

  • Escreva todas as situações em que você vive que agiu como bonzinho(a).
  • Anote qual teria sido a resposta mais alinhada com seu verdadeiro desejo.
  • Reflita sobre o que teria mudado no resultado e na sua sensação interna.

 Treino de Assertividade:

  • Situação fácil: Recusar um convite social quando você estiver cansado.
  • Situação média: Sugerir outro restaurante mesmo que o grupo prefira pizza toda semana.
  • Situação desafiadora: Dizer ao chefe que não pode assumir mais um projeto por enquanto, para não comprometer a qualidade do seu trabalho.

Bônus Quântico: O Efeito de Se Colocar no Centro

A física quântica revela que o observador muda o experimento. Coloque-se como autor, não apenas espectador da própria vida: a cada escolha autêntica, você colapsa realidades novas, aproxima quem importa e descobre mais alegria.

Conclusão: Bom com Ousadia

Ser bom exige coragem. É sair da passividade confortável da aprovação garantida e entrar no território da proteção — onde haja discordâncias, mas também respeitosas.

Ria quando você te chamar de “egoísta” só porque decidiu se preservar.

A estranha intimida quem vive de máscaras, mas liberta quem quer viver inteiro.

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Referências para explorar :

  • Glover, Robert. No More Mr. Nice Guy. Running Press, 2003: Explora os padrões de pessoas que buscam sendo complacentes. Incentiva a expressão autêntica e a superação de hábitos auto sabotadores para uma vida plena.
  • Brené Brown, A Coragem de Ser Imperfeito: Defende a liberdade da vulnerabilidade e da imperfeição como caminhos para coragem, conexão e uma vida íntegra, destacando a importância da deficiência e do autocuidado.
  • Mindful.org (meditação e autoaceitação): Oferece recursos sobre meditação e autoaceitação, incluindo práticas guiadas e reflexões para ajudar a cultivar atenção plena e bem-estar emocional no cotidiano.


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